segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Estudo da UCLA aponta que pesquisar na Internet aumenta a capacidade de processamento cerebral


Extraído de: http://system2.ipressroom.com/portal/ut/artwork/6/8/8/6/5/68865/robotic-brain_web.jpg

 Um dos meus alunos de pós-graduação pediu alguma indicação de literatura sobre a provável mudança de padrão de ativação cerebral dos usuários da rede. Assim, depois de uma rápida busca encontrei em publicação online da Universidade da Califórnia (UCLA) que alguns cientistas da referida universidade, incluindo Dr. Gary Small,  encontraram que adultos mais velhos (não os nativos da rede) que pesquisam na Internet disparam centros-chave do cérebro que controlam a tomada de decisões e o raciocínio complexo. Os achados demonstram que a atividade de pesquisa na rede pode ajudar a estimular e possivelmente melhorar o funcionamento cerebral.
As figuras de imageamento cerebral abaixo mostram as diferenças no padrão de ativação  de uma pessoa que faz a leitura de um texto e uma que faz uma pesquisa no Google, por exemplo.


Imagem 1: Áreas do cérebro ativadas na leitura de um livro

Imagem 2: Áreas do cérebro ativadas numa pesquisa no Google
Extraído de: http://www.focoemgeracoes.com.br/wordpress/wp-content/uploads/2009/09/iBraindestaque.jpg 


Dr. Gary Small, autor do livro "I-Brain" diz que o cérebro humano é maleável, sempre mudando em resposta ao ambiente. Diz ele: "O cérebro de uma pesoa jovem, que ainda está se desenvolvendo é particularmente sensível...É tambémo tipo de cérebro que mais está exposto à tecnologia.".Vale apena dar uma olhada no boletim online da UCLA:UCLA Newsroom

Deixando "Neurocomunicação" e "Neuromarketing" de lado

Bem, afinal não fui à palestra sobre neurocomunicação, como havia dito que faria. Uma das razões foi a enorme falta de tempo e disposição  para, depois de um dia puxado de trabalho e estudo, enfrentar o trânsito de São Paulo, indo da USP até a Barra Funda para isso.
Além disso, recebi, por e-mail, algumas sugestões de um colaborador indireto, a quem respeito muito, que me disse que eu deveria pesquisar ou me informar sobre os efeitos de estimulação magnética transcraniana sobre problemas de desenvolvimento de  linguagem oral e escrita, documentação em neuroimagem funcional do efeito de intervenção precoce em distúrbios de leitura sobre alfabetização ou de procedimentos de reabilitação em aléxicos e afásicos, etc, de tal forma que eu pudesse investir meu tempo e meus conhecimentos em algo mais alinhado à minha carreira e interesses. Assim, após essa sugestão, fiz uma pesquisa  simples sobre neuroestimulação. A neuroestimulação  pode ser feita de duas formas. Com um aparelho que libera ondas magnéticas (estimulação magnética transcraniana) e é colocado próximo da cabeça. Ou com eletrodos implantados no cérebro (estimulação elétrica). Segundo a fonte pesquisada (Revista Época), a estimulação magnética transcraniana tem sido útil no tratamento de pacientes com depressão, transtorno bipolar (alternância entre depressão e euforia) e alucinações auditivas (um dos sinais da esquizofrenia). Os sintomas tornam-se mais brandos ou desaparecem. Estudos sobre linguagem vêm, também,  sendo realizados sinalizando o potencial dessa técnica como uma ferramenta de reabilitação de quadros como, por exemplo, a afasia.

O Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP tem um grupo de pesquisa chamado "Grupo de Estimulação Cerebral" cujo trabalho está descrito no endereço: Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP. Vale a pena dar uma olhada.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Já ouviram falar em neurocomunicação?

Há alguns dias, recebi um e-mail da Marisa (uma amiga e colega de trabalho) que enviou a programação de um workshop com o título "Neurocomunicação - Neuromarketing e comunicação como ferramentas essenciais para o sucesso no ensino". Esse workshop ainda não aconteceu e resolvi me inscrever por curiosidade. Na verdade, nunca tinha escutado quaisquer um dos dois termos "neurocomunicação" ou "neuromarketing" e a despeito das minhas desconfianças acerca do que se faz em "neurolinguística" por aí, que já virou "moda" e parece ser o santo milagreiro do momento, resolvi pesquisar um pouco mais. 
Aparentemente, o Neuromarketing explicita, por meio da leitura de escaneamento cerebral, o que se passa na mente dos profissionais nos processos que definem a tomada de decisão e a Neurocomunicação, da mesma forma, o que acontece na mente dos profissionais de educação durante as diferentes situações da comunicação, ou seja, quais as áreas do cérebro que são acionadas e como se utilizar do auto-conhecimento para se obter melhores resultados. Parece um tanto quanto pretensioso, mas vou me inscrever e depois conto para vocês o que ouvir lá.

domingo, 6 de setembro de 2009

Os cérebros de homens e mulheres são diferentes?

Bem, depois de quase três meses de muito trabalho e nenhum tempo disponível e com disposição para retomar este blog, volto para pensar sobre um assunto que surgiu em uma das aulas que frequento no meu programa de doutorado na USP: os cérebros dos homens diferem dos cérebros femininos? Se isso de fato acontece, quais as diferenças?
Lendo um artigo do boletim "On the Brain", publicado pela "The Harvard Mahoney Neuroscience Institute", Jill M. Goldstein, Ph.D., professora de Psiquiatria e Medicina na "Harvard Medical School", coloca que, de acordo com as pesquisas realizadas nos últimos 25 anos, em média, as mulheres têm desempenho melhor em certos tipos de tarefas verbais e emocionais, enquanto que os homens têm desempenho melhor em certas tarefas de matemática e habilidades espaciais. Entretanto, essas diferenças não acontecem em todos os tipos de habilidades verbais ou matemáticas e, segundo ela, há mais variabilidade no desempenho dentro de um mesmo sexo do que entre os sexos.
Os cientistas encontraram que ambos os sexos tendem a usar mais um hemisfério do cérebro  do que o outro para certas tarefas verbais, mas que as mulheres confiam menos fortemente em um único hemisfério para estas tarefas, diferentemente dos homens. Além disso, eles determinaram que, algumas habilidades de pensamento são mais dependentes de um hemifério no cérebro masculino, enquanto as mulheres poderão usar os dois hemisférios.
Somando-se a isso, a pesquisa tem mostrado que certas áreas do hipotálamo são diferentes em homens e mulheres. Por exemplo, a área pré-ótica que está envolvida no comportamento de acasalamento, é mais do que duas vezes maior em homens do que em mulheres. Algumas pesquisas sugerem que o corpo caloso, que serve como a principal passagem conectando os hemisférios direito e esquerdo do cérebro, é maior e mais desenvolvido nas mulheres. Outros cientistas, usando ressonância magnética, argumentam, entretanto, que não há diferença entre os sexos ou que as diferenças existem somente em certas partes do corpo caloso. Pesquisadores canadenses mostraram que as mulheres têm mais neurônios no lobo frontal, a área do cérebro responsável pela razão, planejamento, partes do discurso, emoções e resolução de problemas.
A pesquisa de Goldstein, usando escaneamentos de cérebros de homens e mulheres com ressonância magnética, sugere que partes do córtex frontal (por exemplo, regiões reponsáveis pela função inibitória) são relativamente maiores nas mulheres, assim como partes do sistema límbico, tal como o hipocampo, que está envolvido nas funções de memória. Nos homens, as imagens mostram um córtex parietal relativamente maior, que governa o processamento visuoespacial e uma amidala maior, que controla o despertar e a agressão.
Curiosamente, um estudo conduzido pela "Carnegie Mellon University" encontrou que os hormônios sexuais alteramo desenvolvimento de certas estruturas cerebrais durante a puberdade e essas mudanças se prologam para a idade adulta. Usando um microscópio de ressonância magnética que produz imagens de reosulção muito maiores do que os escaneamentos por ressonância magnética, os cientistas descobriram que estruturas cerebrais específicas implicadas na cognição e nos transtornos neuropsiquiátricos mudam durante a puberdade , sob a influência dos hormônios sexuais. Eles encontraram que os cérebros infantis de ratos são similares em machos e fêmeas, mas que os altos níveis de hormônios durante a puberdade levam a diferenças dramáticas no tamanho das estruturas cerebrais em ratos adultos, incluindo aquelas regiões envolvidas na emoção, aprendizagem e memória.
Bem, quanto às habilidades de comunicação, acho que todas as mulheres nem precisam tomar conhecimento dos achados das pesquisas científicas para afirmarem que as mulheres têm dificuldades de estabelecer um padrão comunicativo eficiente com os homens.
Quanto ao resto, espero, sinceramente, que todas essas pesquisas possam, inclusive, auxiliar no melhor entendimento de transtornos psiquiátricos, tais como a depressão e ansiedade, que são mais prevalentes nas mulheres e a esquizofrenia que parece ser ligeriramente maior em homens, como deseja a Dra. Jill M. Goldstein com a sua pesquisa.
Só para relaxar...Dêem uma olhada nas diferenças entre os dois cérebros. Concordam? É só uma brincadeirinha (rsrs)...

Cérebro Feminino
Cérebro Masculino:
Encontrado em http://webmais.com/_img/variedades/cerebro_masculino.gif

sábado, 13 de junho de 2009

Cidadãos na Sociedade de Informação

Steven Pinker, na introdução de seu livro "Como as mentes funcionam", faz um agradecimento à Patricia Claffey, da Biblioteca Teuver do MIT. Sobre ela, ele diz: "...conhece tudo, ou pelo menos sabe onde encontrar, o que dá na mesma." Essa é a principal competência, a meu ver, que se espera de cidadãos em uma sociedade da informação. Poderíamos falar de aprendizado não-linear, inteligência coletiva, sociedade em rede, construcionismo etc, como paradigmas de conhecimento e ensino, citados nas obras de Lévy, Papert. No entanto, me parece fundamental falar de uma competência simples, que, na verdade, antecede o fenômeno da sociedade de informação: pesquisar. Falo do espírito critico e investigativo de crianças e jovens que poderá dar o impulso necessário para aprenderem as estratégias de busca e resgate das infomações de que precisam. Esse espírito de investigação deve ser estimulado, desde cedo, de tal forma que essas crianças possam ser gerenciadoras do próprio conhecimento. Mas, para que isso ocorra, é preciso que os professores, pais e adultos mais experientes sirvam de modelos de pesquisadores. Estou, também na área educacional, há algum tempo, e, infelizmente, não tenho presenciado isso muito frequentemente. Ao contrário, tenho vivenciado o dilema das dificuldades de professores às voltas com uma pesquisa simples, como procurar material e subsídio pedagógico na rede. Simplesmente, eles precisam das referências completas, de outra forma, sentem-se perdidos em meio a esse oceano de informações que é a internet. Por outro lado, muitas crianças e jovens, segundo relato dos próprios professores, têm conseguido resolver mais problemas de busca de informações na internet do que os adultos de seu meio. Isso aliado às inadequações físicas e curriculares das nossas escolas, acabam por tornar a nossa escola cada vez mais obsoleta. Só espero, sinceramente, que nós, adultos e professores, não nos tornemos tão obsoletos quanto ela.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Como diferimos tanto dos nossos parentes chimpanzés?

Imagem encontrada em: http://www.evolutionnews.org/2006/10/time_makes_berras_blunder_in_e.html

Como podemos ser tão diferentes de nossos parentes chimpanzés, se nossas cópias de DNA são 99% idênticas às deles?
Na verdade, segundo Katherine Pollard, uma bioestatística que participou da equipe que identificou a sequência das bases do DNA, das 3 bilhões de letras formadoras do genoma humano, apenas 15 milhões passaram por mudanças em quase 6 milhões de anos, desde que as linhagens de humanos e chimpanzés tomaram rumos diferentes.
Parte da resposta está na Har1 (região 1 da aceleração humana) que é na verdade uma extensão de 118 bases do DNA, partes que passaram por maiores modificações, desde a separação entre chimpanzés e humanos. Essa região (Har1) mudou muito pouco na evolução dos vertebrados. Entretanto, comparando-se as sequências do genoma de humanos e chimpanzés, há uma diferença de 18 letras, indicando que a Har1 conquistou uma nova função importante em humanos. O gene FOXP2, envolvido na produção de fala, apresenta diferenças em relação à sequência encontrada no DNA do chimpanzé. Os genes ASPM, MCPH1, CDK5RAP2 e CENPJ, ligados ao tamanho do cérebro são importantes, já que o tamanho do cérebro é condição cognitiva "sine qua non" para a produção de fala, diferindo das produções vocais de outras espécies. O ASPM passou por várias mutações no curso da evolução dos primatas, com algumas rupturas ocorridas na linhagem humana desde que ela divergiu dos chimpanzés.
Além dessa descoberta, há outras muito interessantes relatadas em um artigo publicado na revista Scientific American - Brasil, na edição de maio de 2009. Além de indicar a leitura do artigo de Katherine Pollard, é preciso dizer que não vejo sentido no contínuo debate "Criacionismo X Evolucionismo", uma vez que a teoria evolucionista foi e está sendo corroborada empiricamente, a cada vez que se decifram mais enigmas do nosso mapa genético. Não é uma questão de crença ou posição política, é simplesmente ciência.

domingo, 31 de maio de 2009

17° Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia

Bem, como todos vocês sabem não sou fonoaudióloga, mas vivo cercada delas. Faço pesquisa na Faculdade de Medicina, na USP, mais especificamente no Laboratório de Distúrbios Psiquiátricos da Infância e só há fonoaudiólogas lá. Falamos a mesma língua, apesar de nunca ter escutado falar em imitanciometria, até alguns dias atrás. Na Secretaria de Educação, onde trabalho com educação e tecnologia, a Rita, que é fonoaudióloga, é companheira de trabalho. Será que eu deveria ter optado por Fonoaudiologia em vez de Psicologia? Ou todas as "fonos" que conheço estariam fadadas a aguentar uma psicóloga que é interessada em linguagem? De qualquer forma, mesmo sendo psicóloga, vou participar do 17° Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia que vai acontecer em Salvador em outubro. Enviei um trabalho que não sei se será aprovado. Para os interessados em saber um pouco mais sobre o evento, acessem: http://www.sbfa.org.br/fono2009/.

sábado, 30 de maio de 2009

GRAVAÇÃO INTRACRANIAL E DE NEUROIMAGEM DOS PROCESSOS DE LINGUAGEM


Steven Pinker, em colaboração com Ned Sahin e Eric Halgren da Universidade da Califórnia, tem usado ressonância magnética funcional e encefalografia intracranial com pacientes epiléticos para investigarem a organização neural da linguagem. Eles comparam padrões de atividade cerebral quando as pessoas repetem palavras e quando elas geram formas com verbos regulares (he walked), irregulares (he ran) e sem inflexões (they walk). O objetivo é caracterizar os processos neurais envolvidos na leitura de palavras, na pronúncia das palavras, ao escolher características gramaticais apropriadas e implementar as características como sufixos ou formas irregulares.
Cada vez mais entendemos que não podemos deixar de lado os conhecimentos advindos de pesquisas como essa. No entanto, não acho que muitas pessoas envolvidas com as questões da aquisição bem sucedida da linguagem escrita, principalmente na educação, estejam preocupadas ou sequer procuram este tipo de conhecimento. Parafraseando o nome de um simpósio que aconteceu neste ano, "o cérebro tem de ir à escola!!!!"

Psicolinguística

Vamos assistir a essa brilhante entrevista com o genial Steven Pinker sobre o seu livro "Do que é feito o pensamento" e vamos discutir o assunto?





A linguagem é uma janela para a natureza humana?????
Usar o discurso indireto, como "Você poderia passar o sal, por favor", em vez de "Passe-me o sal" implica no cuidado que as pessoas têm com as relações sociais que estabelecem? Desta forma, poderíamos dizer que a linguagem dá acesso aos nossos estados mentais?
Por que falamos palavrões?