sábado, 30 de maio de 2009

Psicolinguística

Vamos assistir a essa brilhante entrevista com o genial Steven Pinker sobre o seu livro "Do que é feito o pensamento" e vamos discutir o assunto?





A linguagem é uma janela para a natureza humana?????
Usar o discurso indireto, como "Você poderia passar o sal, por favor", em vez de "Passe-me o sal" implica no cuidado que as pessoas têm com as relações sociais que estabelecem? Desta forma, poderíamos dizer que a linguagem dá acesso aos nossos estados mentais?
Por que falamos palavrões?

2 comentários:

  1. oi Cris...falo palavrão porque é uma delícia!!!aliás uma das únicas coisas da linguagem que sobram após um extenso derrame...posso dizer que o palavrão é medular..nem chega no pensamento...já espetou o pé num preguinho andando na rua?..depois me responde se chega a elaborar algum processo linguístico..kkk

    beijos pensados, Rita.

    ResponderExcluir
  2. Oi Rita, eu entendo o que quer dizer. No entanto, para Pinker, ao escutar palavrões, as pessoas têm uma resposta emocional, as pessoas têm aimpressão de que há algo imoral ao usar aquelas palavras, mesmo que se saiba que palavras não podem corromper a moral de ninguém. Para ele, há um denominado comum entre as "palavras-tabu", que é o fato de envolverem sempre uma emoção negativa. Essa emoções incluem a emoção de nojo, aversão, como a gente encontra em uma lista de "palavras-tabu", palavras para secreções corporais e os órgãos que as produzem, presumivelmente porque a emoção de aversão é uma defesa contra infecção por parasitas e por elementos patogênicos que usam as secreções corporais como um vetor. Exatamente aquelas secreções corporais que dão vida aos tabus são as que nos avisam sobre os vetores de nossas doenças. Assim, segundo o que entendi, a emoção de aversão despertada estaria nos protegendo contra o ataque de parasitas e a proliferação de doenças. Nós também temos tabus sobre a sexualidade, sobre minorias raciais e étnicas, formas de desprezarmos outras pessoas como inimigos, que despertam a emoção de ódio e desprezo.
    O exemplo do preguinho no pé que vc deu, é um bom exemplo. Com certeza, é uma emoção que causa dor, desconforto e as emoções negativas você acaba expressando com palavras que estão diretamente ligadas à defesa de seu organismo contra a proliferação de doenças e invasão de parasitas, já que, para Pinker, a emoção de aversão por doenças, secreções e coisas nojentas nos protege contra a exposição a elas. Assim, pelo que entendi de Pinker, essas emoções depertadas estão a nosso serviço.
    Pinker é um cara que estuda linguagem e o que tem estudado tem permitido concluir que a linguagem pode ser uma forma de entendermos melhor a natureza humana, por que somos o que somos e nos comportamos da forma que nos comportamos.
    Quando você diz que falar palavrões é medular, você se aproxima de Pinker, dizendo, de outra forma, que é uma forma de aliviar uma situação indesejável. No entanto, acredito que uma resposta emocional do tipo que você propõe, com uma resposta emocional direta sem passar pelos lobos pré-frontais, responsáveis pelo planejamento, é mais comum vermos em ações motoras. Como quando a mãe grávida que protege a barriga, em frações de segundos, sob a ameaça de um atropelamento. Ou alguém que pula de uma altura enorme, sob a ameaça de um ladrão que invade a sua casa (opinião minha, pois eu não conheço a circuitaria neural envolvida ao falarmos palavrões). Quando a linguagem está envolvida, essa mesma linguagem é representativa dos estados emocionais e, ao mesmo tempo, pode determinar a natureza dos estados emocionais da pessoa. Na verdade tem um papel passivo e ativo ao mesmo tempo. Se não fosse assim, ao pisar num preguinho na rua, você poderia dizer "sorvete de creme" ou "anjos alados", em vez de "@#$%&%$#@@$!"" e o efeito seria mesmo. A linguagem específica utilizada não é qualquer uma porque ela tem um papel que está ligado a questões mais complexas do que imaginávamos, como aversão a excrementos para nos proteger da contaminação.

    ResponderExcluir